sexta-feira, 12 de junho de 2015

Cuias de Santarém são declaradas Patrimônio Cultural do Brasil

A prática artesanal de fazer cuias, realizada por mulheres de comunidades ribeirinhas do Baixo Amazonas, no Pará, a maestria do paisagismo de seis Jardins de Burle Marx, no Recife (PE), e a história, arte e beleza do parque Campo de Santana, no Rio de Janeiro (RJ), ganharam, nesta quinta-feira (11), o título de Patrimônio Cultural do Brasil. A proposta para registro (para o ofício das Cuias) e tombamento (no caso dos jardins de Burle Marx e Campo de Santana) foram avaliadas durante a 79° reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), realizada em Brasília. 
Durante a reunião, a presidenta do Iphan, Jurema Machado, explicou que o reconhecimento do registro das Cuias resulta de um trabalho de conversas de cerca de dez anos entre o Iphan e as artesãs. Ela enfatizou a necessidade de haver um trabalho contínuo pós-reconhecimento. "Queremos estar permanentemente associados a esse grupo em ações de Salvaguarda, contribuindo para a promoção, transmissão de conhecimento e valorização dessa pratica riquíssima e das pessoas", afirmou. 
Raimunda Santana Azevedo, integrante da Associação das Artesãs Ribeirinhas de Santarém (PA), comemorou o registro do ofício das cuias. "Para nós, é uma grande vitória. Com o reconhecimento, as vendas vão aumentar, seremos mais reconhecidas e mais respeitadas também. Estamos muito felizes", destacou. 
O modo de produzir cuias é transmitido de geração em geração e requer cuidadoso trabalho por parte das artesãs, na maioria mulheres ribeirinhas da região do Baixo Amazonas. Inicialmente, os frutos retirados da árvore popularmente chamada de cuieira são partidos ao meio com facão ou serrote para secar. As duas metades são acondicionadas para amolecer na água, em bacias ou em pequenos cercados à beira do rio, quando então é realizada uma primeira raspagem das superfícies internas e externas. 
Após este processo, as cuias são expostas ao sol, e inicia-se o processo de tingimento com cumatê, pigmento natural extraído do axuazeiro ou cumatezeiro. A água tingida é passada em ambos os lados das cuias secas, e as peças permanecem sobre um jirau para secar. São alocadas então em um estrado denominado cama ou puçanga, que é preparado com uma camada de areia e cinzas, em local coberto. Nessa camada é borrifada urina humana (para extração da amônia) colhida durante a noite anterior a esta preparação, em cuias grandes denominadas coiós. 
Assim, é colocada uma cobertura de palha sobre a camada molhada com a urina, onde as cuias são emborcadas e abafadas com pano ou lona, permanecendo assim por cerca de seis horas. O procedimento é repetido com as cuias desemborcadas, quando se passa ao processo de ornamentação. (...)     Leia reportagem completa do Ministério da Cultura