domingo, 28 de julho de 2013

Papa Francisco recebe Imagem de Nossa Senhora de Nazaré como presente dos paraenses e da Amazônia

Empunhando uma bandeira com as cores do Pará e do Brasil o secretário de Turismo do Pará, Adenauer Góes e o Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Alberto Taveira, acabam de escrever um importante capítulo da história da devoção dos paraenses à Rainha da Amazônia. Entregaram no finalzinho da tarde deste domingo, dia 28, conforme estava programado há cerca de um mês, o presente dos paraenses ao Pontífice Papa Francisco. A entrega da réplica da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré, encomendada especialmente para esta ocasião, aconteceu no Riocentro, durante o encontro do Pontífice com os jovens voluntários da Jornada Mundial da Juventude, último compromisso dele no Brasil antes de retornar ao Vaticano.

Muito feliz com a receptividade do Papa,  Adenauer descreve a emoção de ter cumprido essa missão representando, pelo menos, os dois milhões de romeiros que todo ano, no segundo domingo do mês de outubro, acompanham o Círio de Nazaré em Belém, capital do Pará.

“Eu disse a ele que com esta imagem nós levávamos a energia, a fé e o abraço fraterno do povo paraense, no cumprimento da missão que foi destinada a ele. Disse que a Virgem de Nazaré significava pra nós a Virgem desatadora de nós e que ela era a mesma Virgem que ele começou a venerar após sua passagem pela Alemanha”. Disse Adenauer Góes, titular da Secretaria de Estado de Turismo do Pará (Setur).

“Me sinto feliz e emocionado. Escrevemos um importante capítulo na história do nosso Estado, da devoção do povo paraense à Nossa Senhora de Nazaré. Entregar este presente significa fortalecer ainda mais o Círio de Nazaré como evento turístico e religioso no Pará”. Destacou o dirigente da Setur.

Dom Alberto Taveira, que na tarde da última sexta-feira, dia 27, esteve com o Papa e falou a ele do desejo de poder lhe entregar o presente, ouviu juntamente com muitos outros religiosos as recomendações de Francisco para com a Amazônia, que deve ser priorizada em diversos aspectos. Para ele, a entrega da réplica da Peregrina foi um importante passo para criar vínculos entre o Papa, a Amazônia, o Círio e o Pará.

“Foi um momento de grande significação para todos nós. Ao entregar o símbolo maior do Círio, a réplica da Imagem da Rainha da Amazônia, ao Papa Francisco, estabelecemos um vínculo entre ele e a Amazônia. O momento representou uma grande alegria para a Arquidiocese de Belém”. Afirmou Dom Alberto, que juntamente com Adenauer Góes, na tarde da última sexta-feira, coordenou a realização de um Círio com a Imagem Peregrina original de Nossa Senhora de Nazaré, no Riocentro, onde desde o último dia 20 a Companhia Paraense de Turismo (Paratur), Setur e Arquidiocese, representada pela Diretoria do Círio 2013, divulgavam em um estande de 300 metros quadrados o Círio de Nazaré. A ação aconteceu durante a 10ª. Expocatólica, que encerrou na noite de sexta e reuniu mais de 200 mil pessoas de 170 países.

Dom Alberto Taveira fez questão de destacar a importância da parceria com o Governo do Estado.

“A Arquidiocese de Belém agradece ao Governo do Estado, através da Setur e da Paratur, por ter encomendado a réplica da Imagem de Nazaré e nos dado esta oportunidade de presentear ao Papa Francisco”. Enalteceu Dom Alberto, para quem o presente tem muitos significados, o mais importante o vínculo com a Igreja, o Círio e o Pará.

O PRESENTE DO PAPA -  Pelas mãos de artistas paraenses foi criado e confeccionado o presente que foi ofertado ao Papa Francisco, durante o encerramento da programação da Jornada Mundial da Juventude, no Riocentro (RJ). Trata-se de uma réplica da imagem peregrina da padroeira dos paraenses, Nossa Senhora de Nazaré, símbolo central do Círio de Nazaré, que é considerado o maior evento católico do mundo, reunindo anualmente cerca de dois milhões de pessoas no segundo domingo de outubro.

A gemóloga e lapidária Leila Salame e o ourives Francisco de Assis Cardoso, que fazem parte do Programa Polo Joalheiro do Pará, integraram a equipe responsável pela criação e confecção da réplica da imagem. O trabalho meticuloso e original dos profissionais destaca técnicas da joalheria paraense, desenvolvidas no Espaço São José Liberto, mantido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (Seicom) e do Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama).

"A emoção é grande por saber que a réplica da imagem será entregue ao papa. Esse trabalho de confeccionar um manto para a imagem de Nossa Senhora foi um sonho realizado, ainda mais por saber que o presente ficará eternizado ali, no Vaticano, junto do pontífice", enfatizou o ourives Francisco Cardoso. A participação também foi marcante para Leila Salame. “Eu me senti emocionada por ter sido convidada e escolhida para lapidar as gemas deste manto, pois sou católica e devota de Nossa Senhora de Nazaré”, ressaltou a lapidária.

A imagem ofertada ao pontífice foi apresentada durante uma coletiva à imprensa, dia 16 de junho, no Centro Social de Nazaré. O símbolo católico representa a religiosidade marcante na vida e na cultura do povo do Pará. A tradição que envolve a festividade do Círio também está retratada na réplica da imagem da Rainha da Amazônia, criada nos tamanhos originais, coroada e coberta por um manto bordado com joias contendo metais nobres e gemas características da região.

Para levar ao Papa Francisco um pouco do Círio e da fé do paraense na imagem da Mãe de Jesus, o processo de criação da obra de arte envolveu emoção, conhecimento, talento e criatividade dos profissionais. Além de Leila Salame e Francisco Cardoso, integraram a equipe o escultor Max Santos, os artistas Jean Negrão e Socorro Lassance, e  as irmãs da Congregação Coração Imaculado de Jesus.

A iniciativa de homenagear o sumo sacerdote em sua primeira visita ao Brasil foi do Governo do Estado, por meio da Setur e da Paratur,  com total apoio das Arquidioceses de Belém e do Rio de Janeiro e da diretoria da Festa do Círio de Nazaré.

Refinamento – A criação artística envolveu refinamento em todas as fases, como na construção da escultura, que levou cerca de dois meses e foi realizada em duas etapas. A peça foi toda esculpida para depois receber a pintura em policromia. De acordo com Max Santos, que há 13 anos trabalha como escultor especializado em imagens e restaurador de antiguidades, a réplica foi confeccionada em cedro vermelho, policromia e folhas de ouro.

Socorro Lassance foi a artista responsável pela criação das caixas que conduziram o presente na viagem até o Rio de Janeiro. Jean Negrão criou o manto em tecido branco e ornamentado com bordados em fios dourados. No manto, o ourives Francisco Cardoso colocou filigranas, tramas e gemas, por meio de processos de fundição do metal e de cravação de gemas , trabalho que durou aproximadamente 15 dias. O ourives também foi responsável pela confecção das coroas e do broche do manto.

As coroas de Nossa Senhora de Nazaré e do Menino Jesus são de prata, banhadas em ouro 18 quilates, com 24 diamantes e 12 rubis. No manto, foram utilizadas 18 ametistas, 10 águas marinhas, um citrino, uma esmeralda e mais de 500 cristais tchecos. Leila Salame explicou que as gemas minerais, principalmente as ametistas, são características da região. A arte da lapidária deu o toque especial ao broche do manto, criação assinada por Leila Salame, confeccionado em ouro com diamante, safira e ametista navete, realçada pela lapidação diferenciada de grafismos marajoaras , técnica desenvolvida pela profissional  formada na antiga Escola Técnica Federal do Pará. Leila Salame é um dos profissionais mais requisitados entre os produtores de joias locais. Outras gemas lapidadas por ela já ornamentaram, em 2003, o manto de Nossa Senhora de Nazaré.

O trabalho inovador já rendeu à Leila Salame um lugar no Manual de Lapidação Diferenciada de Gemas, publicado pelo Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM), Sebrae Nacional e governo federal, com organização do designer de joias Adriano Mol, que destacou  o domínio técnico graciosamente aplicado em conjunto com o riquíssimo acervo gráfico marajoara, configurando-se em um dos mais expressivos trabalhos de lapidação diferenciada no Brasil.



Texto: Benigna Soares (Paratur) Luciane Fiuza - (Espaço São José Liberto-Polo Joalheiro)
Fotos: Thiago Figueira - Paratur