Companhia Teatral Nós Outros estreia em Belém sua montagem para texto que tem feito sucesso por reavivar o maior ícone das letras nacionais
O mesmo compromisso de apunhalar o lugar comum. Mas outros indiciados e armas diferentes para um crime insólito. Essa é a atmosfera que cerca a nova montagem para um dos mais aplaudidos textos do dramaturgo Carlos Correia Santos. Já transformada em livro por uma editora paulista e montada por outros grupos, a comédia “O Assassinato de Machado de Assis” ganha nova leitura, agora assinada pela Companhia Teatral Nós Outros. A direção é de Hudson Andrade. No elenco, Iêrêcê Amaral Corôa, Nilton Cézar e o próprio Hudson. A nova montagem será apresentada em Belém de 22 a 25 de agosto, sempre às 21h, no Sesc Boulevard, com entrada franca. A direção de luz é de Sonia Lopes, a trilha sonora de Júnior Cabrali, Iara Correia Santos é a responsável pelo artesanato cenográfico e as fotos promocionais tem assinatura de Brends Nunes. O apoio cultural é de Parla Página, Unipop, Atores em Cena, Casa da Cultura Digital Pará, Revista Pará Mais, Corpo Artístico Vértice e do pesquisador Helder Bentes, que prestou consultoria literária.
Para o diretor, o novo trabalho da Nós Outros chega ao palco buscando particularidades: “Esse projeto é um desafio. Desafio porque já houve uma montagem deste texto com grande repercussão e sucesso. É preciso um diferencial, não pela vaidade da superação, mas porque cada espetáculo é único, porque o público merece esse cuidado, porque existem diferentes formas de ver um mesmo texto”, explica Hudson.
ATRIZ REVELADA
Empenhado em manter o equilíbrio entre a tarefa de orquestrar a peça e estar em cena, Andrade conta ainda que um dos principais focos da produção é o cuidado com a qualidade do intérprete. O destaque especial fica por conta da bailarina Iêrêcê Corôa, que está estreando na atuação. “A Nós Outros se propõe a contar essa fantástica história do seu modo. De forma minimalista, cuidando do que o teatro tem de mais particular: o ator. O maior investimento dessa montagem é olhar, acolher e estimular o trabalho de ator: o meu, que divido a tarefa de dirigir e estar em cena. Do Nilton Cézar, que divide seu ofício com outros grupos e linguagens. Mas, sobretudo com Iêrêcê, bailarina de formação, com preferência pela forma clássica e que apesar de experiência em artes cênicas, tem, nesse Machado de Assis, um desafio de sair de uma linguagem e investir em outra. E é uma felicidade vê-la provocar-se, romper limites e teatralizar conosco enquanto nós dançamos com ela”.
Postos no tubo de ensaio todos os desafios e expectativas, Hudson aguarda o encontro com a plateia. A hora de provocar risos tensos a partir da obra de Machado de Assis. “Temos a missão de levar ao público de forma divertida aquele que é considerado o maior escritor brasileiro. E isso sem perder a genialidade do Bruxo do Cosme Velho tão bem traduzida na obra de Carlos Correia Santos”.
A SINOPSE
Em sua trama, Correia se apropria de famosas personalidades criadas pelo autor do célebre Dom Casmurro para urdir uma comédia de erros com toques de literatura noir. Capitu procura o atrapalhado detetive Queiroz para fazer uma bombástica revelação: ao contrário do que todos sempre pensaram, Machado de Assis, o grande mestre das Letras Brasileiras, não morreu de causas naturais. Ele foi assassinado. Por um de seus personagens. Mas quem teria sido capaz de cometer essa barbaridade? Brás Cubas? Simão Bacamarte? Helena? E quais as razões desse ato tão vil? Pura crueldade? Ou inveja de algum personagem que não ganhou tanta notoriedade quanto outros? As portas da biblioteca da Academia Brasileira de Letras se abrem para tentar resolver esse impensável mistério.
Serviço: “O Assassinato de Machado de Assis”, de Carlos Correia Santos. Montagem da Companhia Teatral Nós Outros. Direção: Hudson Andrade. De 22 a 25 de agosto (quinta a domingo), sempre às 21h, no Sesc Boulevard. Entrada franca. Retirar os ingressos uma hora antes no próprio Sesc. Sorteios de livros durante as sessões. Informações: 8199-1322 ou 8167-3835