Foi assinada, no final da tarde do último sábado (11), na Estação das Docas, a Carta de Belém: O Norte das Águas - Rumo a Brasília 2018. O documento traz propostas para serem discutidas no 8° Fórum Mundial da Água, que será realizado em Brasília, em março de 2018. Belém é a primeira das seis cidades da América Latina a sediar as discussões que vão subsidiar o programa. A Carta de Belém foi entregue simbolicamente pelo secretário de Estado de Turismo do Pará, Adenauer Góes, que representou o governador do Estado, Simão Jatene, ao governador do Conselho Mundial da Água (CMA), Newton Azevedo.
Secretários de Estado e demais autoridades, operadores de água, esgoto e resíduos, representantes da academia, do poder público e da sociedade civil, usuários, reguladores, investidores, financiadores, sindicatos e fornecedores de soluções estão reunidos desde a quinta-feira, 9, para produzir conhecimento, debater propostas e formatar soluções para o melhor uso dos recursos hídricos em Belém, na região Norte, no Brasil e no mundo.
A assinatura da Carta de Belém marcou o penúltimo dia da programação do Norte das Águas, evento preparatório do encontro mundial. Entre as atividades que vão ser desenvolvidas até este domingo, 12, estão oficinas de captação na área de comunicação, como jornalismo, cinema e fotografia. A gastronomia também teve vez, com alunos de escolas públicas estaduais participando de uma oficina gastronômica com o chef de cozinha Thiago Castanho. O Norte das Águas - Rumo a Brasília 2018, será encerrado com uma regata na Baía do Guajará e um grande show com artistas da terra. A programação é aberta ao público.
A programação também incluiu debates interativos com pesquisadores e representantes governamentais e da sociedade civil. O secretário de Estado de Turismo do Pará, Adenauer Góes, destacou a importância do evento e seus possíveis impactos na economia do Estado. “Nós temos um modelo de desenvolvimento que passa, basicamente, pelo minério e energia e essa energia depende da água. Dessa forma, é imprescindível que seja revista essa forma de energia que é produzida no Pará, que se aproxima de 25% da energia produzida no Brasil, para contemplar um novo modelo, que possa favorecer o desenvolvimento econômico do Estado”.
A programação do Norte das Águas vai continuar em setembro, na cidade de Tijuana, no México. Em novembro, irá até Salvador, Bahia. Já em 2017, será a vez de Santiago, no Chile, no mês de março; de Foz do Iguaçu, Paraná, no mês de julho e em novembro, o ciclo de debates com vistas ao Fórum Mundial da Água será encerrado em São Paulo. Em cada uma dessas cidades, no final do evento, será produzida uma carta com todas as opiniões e reflexões acerca das atividades realizadas. Os documentos vão ajudar a formular a proposta brasileira e da América Latina a ser discutida no Fórum Mundial, que pela primeira vez será realizado no hemisfério sul.
A 8ª edição do Fórum Mundial da Água será realizada em março de 2018, em Brasília, e terá como tema “Compartilhando a Água”. O evento é promovido a cada três anos e foi realizado pela última vez em abril de 2015, nas cidades de Daegu e Gyeongbuk, na Coreia do Sul.
A escolha do Estado do Pará para sediar o pontapé inicial dos debates que antecedem o evento não poderia ser mais precisa para o governador do Conselho Mundial da Água, Newton Azevedo. “Foram três dias muito úteis, nos quais pudemos ter uma visão da água em toda a sua dimensão, em sua relação com saneamento, energia e alimento. Foi fundamental também a participação das comunidades ribeirinhas e povos indígenas nos debates. Saio daqui muito satisfeito”.
As propostas que serão levadas, a partir de um conjunto de experiências, ao 8° Fórum Mundial da Água, que acontecerá em março de 2018, em Brasília, são:
a) Formatação e disseminação de um novo modelo de comunicação para conscientização da população em relação ao papel, uso racional e importância da água, diante da frágil e perigosa percepção de abundância e infinitude dos recursos hídricos na região do Norte das Águas.
b) Integração das políticas e esforços do ministério público, das prefeituras e dos governos estaduais no sentido de dar celeridade ao planejamento, construção e operação de sistemas de saneamento.
c) Incentivo ao uso de mecanismos e instrumentos inovadores, como as parceiras público-privadas, como forma de ampliar a cobertura do saneamento nos municípios do Norte das Águas.
d) Planejamento, monitoramento, capacitação e gestão eficiente no combate às perdas de águas, contribuindo para a eficiência das operações.
e) Empoderamento e inclusão dos jovens nos debates que formatam e decidem o presente e o futuro das águas.
Texto: Syanne Neno – Secom
Fotos: Rodolfo Oliveira – Agência Pará