Belém é o principal set de filmagem da minissérie policial “A Lei”, produção do canal pago Space que terá dez capítulos e um elenco formado por atores cariocas, paulistas e paraenses. O projeto é financiado pela Agência Nacional do Cinema (Ancine) e também recebe apoio do Governo do Estado em logística e infraestrutura. A equipe já está na cidade, onde fica até o fim do mês. Entre as locações estão a Ilha do Combu, Vila da Barca, Outeiro, Feira do Açaí e Ver-o-Peso.
A história mostra a investigação de dois policiais, um paraense e outro paulistano, que seguem o rastro de uma série de crimes interligados a partir da morte de uma paulista em Belém. Durante a jornada da dupla pela cidade são revelados esquemas criminosos que levam a um apresentador de TV local e seu irmão. A trama passa por cenários exóticos nas ilhas de Belém até o coração da periferia, com paisagens que serão reconhecidas facilmente pelos paraenses e, ao mesmo tempo, mostrarão um pouco mais do Pará para o Brasil.
Ao contrário do que tem sido divulgado pela mídia, a série não é baseada no caso real do deputado amazonense Wallace Souza. O produtor executivo Wellignton Pingo explica que esta informação foi um boato que acabou se espalhando, pois o roteiro não foi feito no Brasil e poderia ser filmado em qualquer lugar. “A série foi criada pelo uruguaio Lucas Vivo, com roteiro do argentino Patrício Vega. A direção é div
idida entre o brasileiro Tomás Portella e o uruguaio Adrián Caetano. Não há relação alguma com a história de Wallace Souza. Escolhemos trabalhar em Belém para sair do eixo Rio–São Paulo e mostrar outro lado do Brasil ainda pouco conhecido. Temos cenários incríveis e muito ricos aqui. Temos o Combu próximo à cidade e ao mesmo tempo cenários como a Vila da Barca e a Feira do Açaí, que estão praticamente prontos para filmar. E, claro, cada filmagem, cada locação gera serviço e renda no local”, explica.
idida entre o brasileiro Tomás Portella e o uruguaio Adrián Caetano. Não há relação alguma com a história de Wallace Souza. Escolhemos trabalhar em Belém para sair do eixo Rio–São Paulo e mostrar outro lado do Brasil ainda pouco conhecido. Temos cenários incríveis e muito ricos aqui. Temos o Combu próximo à cidade e ao mesmo tempo cenários como a Vila da Barca e a Feira do Açaí, que estão praticamente prontos para filmar. E, claro, cada filmagem, cada locação gera serviço e renda no local”, explica.
Produções do porte de “A Lei” movimentam uma grande estrutura devido à quantidade de equipamentos e pessoal. Só para filmar no Combu foram necessários três barcos, várias pequenas lanchas e um navio base. Além disso, é acionada uma série de serviços, como contratação de elenco, figurantes, maquiadores, preparadores de elenco, logística, aluguel de casas, barcos e carros, alimentação e hotel. Ao todo, a série deve investir mais de R$ 1 milhão em serviços em Belém.
Valorização – “É importante ressaltar um empreendimento desses ocorrendo em Belém e o apoio que temos recebido do governo para que isso ocorra. Uma filmagem deste tamanho movimenta a economia local. Cada locação que usamos é paga, seja um casebre no Combu ou uma vila em algum bairro da cidade. Os figurantes são todos recrutados na própria região. Usamos diversos serviços o tempo todo, fora a divulgação constante que os próprios atores fazem do local nas redes pessoais. Por isso é importante a cidade estar aberta para receber este tipo de projeto, e tenho tido uma ótima experiência com Belém desde as filmagens de Serra Pelada”, detalha Wellington Pingo.
Daniel Fiorentini, dono do hotel que hospeda toda a equipe de “A Lei”, confirma os benefícios trazidos pelo projeto. Acostumado a receber equipes de filmagens e artistas, ele diz que é fundamental a cidade se abrir para receber iniciativas semelhantes. “Nosso hotel já tem o histórico de apoiar peças de teatro e filmagens, para incentivar a vinda destes projetos para Belém, e isso acaba também por influenciar na divulgação dos nossos serviços e também da própria cidade. As produtoras passam a confiar na estrutura oferecida não apenas pelo hotel, mas pela cidade, e passam a investir mais aqui. É preciso investir nos diferenciais. Temos, por exemplo, uma saída privilegiada para o rio que é um atrativo para várias produções que precisam desta logística. Uma das coisas importantes que temos também é o valor agregado da divulgação dos nossos cenários, que podem influenciar no fortalecimento do turismo no Pará”.
Para as filmagens foram contratados mais de 300 profissionais, entre motoristas, barqueiros, seguranças, produtores locais e figurantes. A produtora paraense Tati Brito fala do trabalho de recrutamento dos 40 atores e quase 80 figurantes até o momento. Todos paraenses. “Estamos trabalhando desde fevereiro na busca dessas pessoas e avaliando se elas se encaixam nos perfis dos personagens. Convidamos para fazer os testes e usamos uma tática caça-talentos nos grupos de teatro pela cidade e em alguns específicos de bairro. Procuramos até nos grupos de Paixão de Cristo de Belém a Castanhal. Conseguimos trazer, por exemplo, quatro atores da Terra Firme, que ficaram muito felizes coma seleção”, explica.
Preparação – No elenco estão o ator Guilherme Fontes, que interpretará Silas Campello, um apresentador de TV que esconde terríveis segredos, e Adriano Garib, que vai fazer o irmão e comparsa de Silas. A dupla Ravel Cabral (da novela “Império”) e André Ramiro (do filme “Tropa de Elite”) vai viver os policiais paraenses que investigam o caso.
“É muito bom conhecer novos lugares, mostrar outras paisagens além de Rio e São Paulo. Belém é um lugar maravilhoso, cheio de pessoas receptivas e muito inteligentes. Vejo no Pará uma fome cultural muito forte, pois existem artistas incríveis aqui, atores, cantores e outras vertentes, como grafiteiros, a galera do hip hop. As influências caribenhas da música regional são coisas encantadoras. É uma energia pulsante de um povo que é muito apaixonado pela própria terra. É importante valorizar essas riquezas que existem aqui”, diz André Ramiro.
“Tivemos pouco tempo para absorver o sotaque paraense de Belém, que é bem peculiar. A gente ouve e convive com esse essa musicalidade da fala do paraense e tenta fazer o melhor para poder passar isso durante as cenas”, explica Ramiro sobre a preparação para o papel. Outros atores de renome também estarão na cidade neste mês, como Gracindo Júnior, Mel Lisboa, Paulo Miklos e Jonathan Haagensen.
Texto: Diego Andrade / Fotos: Rodolfo Oliveira – Agência Pará