domingo, 6 de outubro de 2019

Canaã quer conquistar mercado brasileiro do mel

Ano passado Canaã dos Carajás, na região sul do Pará, produziu onze toneladas de mel de abelha. A qualidade do produto já alimenta a fabricação de pães, doces, geleias, sorvetes nas cidades vizinhas e pode alcançar ainda outros ramos da economia como a farmacologia e indústria de cosméticos espalhadas pelo Brasil. O mel das abelhas africanizadas, espécie preferida dos apicultores de Canaã pelo alto grau de produção, tem baixíssimo teor de sacarose, um ponto importante para o consumo humano porque não oferece riscos à saúde e pode ser utilizado até por portadores de diabetes. O mel de Canaã já detém o selo de qualidade e de inspeção sanitária do município e aguarda o mesmo documento do Estado e da União até o final deste ano.

Segundo Luis Rodrigues, presidente da Associação dos Apicultores de Canaã, a meta dos produtores é fazer que o brasileiro descubra e consuma o mel de Canaã em maior escala. O produto tem dois períodos de safra: dezembro a março, quando ocorre a “safrinha”, e de março a abril, que é o período da grande safra. As duas ocasiões estão associadas ao fenômeno das floradas dos “Espinheiros”, que são as árvores onde as abelhas colhem o pólen das flores. No sul do Brasil, segundo Luis Pinheiro, as floradas são maiores nas “Laranjeiras”, o que resulta num mel com qualidade e sabor diferenciados. “O nosso mel é muito diferente, tem grande qualidade e pode ser consumido da forma que a pessoa quiser, ou seja, com pães, bolos e sorvetes e tudo mais”, disse.

O mercado do mel de Canaã envolve mais de 50 produtores reunidos na Associação. O trabalho deles antecede ao frenesi da indústria da mineração, que segundo o presidente Luis Rodrigues, acabou colaborando com desenvolvimento do trabalho, uso de tecnologia e aprendizado para melhorar a produção e organizar o mercado. “Muita gente fala que o minério não é uma economia sustentável, mas através do rendimento do minério que Canaã recebe, estamos conseguindo desenvolver outras atividades rentáveis e de economia sustentável, com grande agregação de valores; então isso torna o minério sustentável também”, avalia Rodrigues. 

Além do mel “in natura” embalado em pequenos frascos com capacidade de 5ml, 10ml e até um litro, e, em bisnagas, os produtores também desenvolvem receitas caseiras de pães, bolos e sorvetes. O Luis, por exemplo, tem a receita de geleia de cupuaçu, castanha do Pará e mel. Nas padarias da cidade, o pão de mel é oferecido aos consumidores e sua qualidade e sabor mantêm o segmento aquecido. A expectativa dos produtores é alcançar outras praças brasileiras. A divulgação fica por conta dos consumidores e da tradição de comprar o mel em Canaã e levá-lo para uso próprio ou presente. “Como em Canaã tem muita gente de fora, nós acreditamos que por meio deles nosso mel chegue mundo afora”, disse o presidente Luis Rodrigues.

Feira – A associação de Apicultores de Canaã dos Carajás e a Federação Paraense dos Apicultores aproveitaram o período da Feira de Negócios e Festival de Gastronomia (IV Fenecan), que está sendo realizada em Canaã até este domingo (6), para realizarem também a Feira de Produtos e Serviços (Apipará 2019). O evento reuniu mais de 400 pessoas entre palestrantes, expositores e convidados especiais. Foram quatro dias de debates, seminários, exposição e comercialização de produtos relacionados a produção do mel.

Na Feira, instalada no Complexo do Bosque Gonzaguinha, os visitantes puderam conhecer a colmeia e os equipamentos de segurança utilizados pelos produtores. A novidade ficou por conta do macacão dor de rosa, criado para uso das mulheres apicultoras. Segundo Luis Rodrigues, o balanço das atividades foi positivo. O próximo encontro dos apicultores do Pará será na cidade de Santarém, região Oeste paraense, em 2020.