Procissão leva a imagem de Nossa Senhora de
Nazaré até a comunidade de Pederneiras
No início da tarde deste sábado (12), ocorreu em Tucuruí o “Círio das Águas”, ou como chamamos em Belém, de Círio Fluvial. Não há tantas diferenças entre as romarias, pois, assim como na capital do Estado, no município de Tucuruí, sudeste do Pará, o momento é cheio de emoção e fé para os devotos da virgem Maria, que compartilham entre os que estão presentes muitos sentimentos, dentre eles o da gratidão.
Mas o percurso em Tucuruí é um pouco diferente. Começa a partir das 13h, e em Belém, o Círio Fluvial inicia ainda na manhã, finalizando por volta das 11h, com chegada na Estação das Docas. Mas neste sábado, o Círio das Águas, em Tucuruí, iniciou a partir das 13h47min, com destino na comunidade de Pederneiras, que fica a cerca de 1h de distância da cidade.
Segundo dona Maria Antônia Campos, 56 anos, líder comunitária do local, a vinda da Imagem de Nossa Senhora de Nazaré para Pederneiras, no Círio das Águas, acontece há cerca de 14 anos. “Para nós, é muito prazeroso receber a imagem, a gente se organiza em todos os quesitos, entre eles, o de receber os fiéis, preparamos pratos típicos e enfeitamos a comunidade, e isso é muito bom” relata.
A Imagem de Nossa Senhora de Nazaré chega na comunidade na manhã do sábado, mesmo dia da romaria das águas. Ela fica à espera dos fiéis que saem do cais de Tucuruí. De lá até a comunidade, navegam por cerca de 50 minutos duas embarcações, até chegarem em Pederneiras. Os fiéis são recebidos pela comunidade com fogos e muita alegria, para que em poucos minutos seja realizada a missa com a presença da Imagem da Virgem Maria e dos padres da Igreja São José, uma das realizadoras, do Círio, junto da comunidade local.
Se engana quem pensa que devoção é coisa de gente mais velha, pois para o vestibulando João Victor da Silva Oliveira, 18 anos, o Círio das Águas é mais do que uma demonstração de fé, é “uma demonstração de amor a Nossa Senhora”. Para ele, “o trajeto pelas águas representa uma mãe que leva o amor ao povo que vive nesses locais”, resumiu.
Para o padre Bonifácio, natural do Ceará e pároco da Igreja São José de Tucuruí, que vivencia pela primeira vez o Círio, a experiência do Círio das Águas é mais uma demonstração de fé. “É uma experiência muito interessante porque eu sou do nordeste e lá não temos isso, porque aqui a Nossa Senhora de Nazaré não pertence só a terra, mas também à água, porque a água para a região Norte é o lugar que gera vida, onde a vida se faz presente, do povo ribeirinho, do pescador”, frisou.
Graças alcançadas – o momento foi também para agradecer as graças. A estudante de engenharia Odiléia Rodrigues da Igreja, estava pagando uma promessa para Nossa Senhora de Nazaré, que lhe ajudou a cursar a faculdade de engenharia, um sonho antigo, alcançado pela interseção da Virgem Maria. Para a aposentada Tereza Baía, de 63 anos, moradora da Vila Permanente, mesmo sendo natural do município de Tucuruí, este ano foi a sua primeira experiência com o Círio das Águas, tudo por conta de uma graça alcançada. A dona de casa foi curada por intermédio de Nossa Senhora de Nazaré “Eu tive uma gastrite e em seguida pedra na vesícula, fui ao médico e fiquei sabendo que a operação necessitava ser urgente, me apeguei a Nossa Senhora e graças a ela ocorreu tudo bem” lembra.
O Círio das Águas percorreu o rio que corta o município, em um dia ensolarado, celebrado por centenas de fiéis, que acompanhavam a imagem posta em uma embarcação que comandava a romaria. O sol já partia, quando às 18h20, a imagem chegou ao cais de Tucuruí, onde foi recebida com muitos fogos, a presença do prefeito Artur Brito, e uma iluminação especial, que nascia de velas carregadas pelas mãos dos fiéis que ali esperavam ansiosamente pela sua chegada, era o início de mais uma romaria, a Procissão das Velas.