Foto: Viramundo e Mundo Virado/SETUR |
Um público diverso composto por empresários, professores universitários, engenheiros agrônomos, proprietários de restaurantes e até boieiras do Ver-o-Peso lotou o auditório da Escola de Governo, em Belém, na tarde desta terça-feira (05), para conhecer as propostas estratégicas para os setores de turismo e de gastronomia na perspectiva do Programa Pará 2030, a convite do Governo do Estado.
Em 2015 o setor de turismo atraiu ao Pará 1,1 milhão de turistas, brasileiros e estrangeiros, e injetou 736 milhões de reais na economia do estado. Na análise do programa, os segmentos de turismo e gastronomia têm potencial para crescer, em volume de negócios, renda e emprego, 10% a cada ano até 2030 com o fortalecimento da cadeia produtiva a partir de iniciativas como divulgação, atração de novos investimentos, melhoria dos produtos turísticos, investimentos em infraestrutura e qualificação da mão de obra local.
“Temos de agir na causa da causa dos problemas. O estado tem uma capacidade de produção absurda, mas não temos matéria-prima em produção regular", observou o diretor da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes Seccional Pará (Abrasel Pará), Fábio Rezende Sicília. “Por que temos de comprar o amido de milho vindo de fora, se a goma é um substituto de melhor qualidade?. Percisamos buscar a matéria-prima que nós já temos, garantir o escoamento dessa produção e fazer com que ela chegue ao mercado consumidor, de forma a reduzir os custos desse processo", propôs.
Adnan Demachki, titular da SEDEME, durante apresentação do Plano ao trade paraense |
A irregularidade de produção de matérias-primas, dificuldade de acesso e fomento à produção também foram elencadas pelo titular da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme), Adnan Demachki. “Temos de sentar com os representantes da Sedap (Agricultura e Pesca), Setur (Turismo) e da própria Sedeme para identificar onde estão os gargalos e avançar nessas questões. Essa é a proposição do Pará 2030. O planejamento não é estático, ele é dinâmico e aberto às contribuições emergentes", disse o titular da Sedeme, Adnan Demachki.
Professora do curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Pará (UFPA), Vanessa Amorim Furtado aprovou a iniciativa do Pará 2030. “Eu acho muito importante esse diálogo, a gente precisa sentar para trocar informações porque é preciso trabalhar a educação e a fiscalização do setor", disse ela, referindo-se à atuação da Vigilância Sanitária sobre o setor de alimentos e bebidas na Região Metropolitana de Belém (RMB).
O curso de Engenharia de Alimentos da UFPA, explicou Vanessa, é multidisciplinar e pautado em três pilares: ciência, tecnologia e engenharia. O profissional formado tanto pode atuar numa cozinha industrial quanto numa grande fábrica de alimentos. “É importante que o Estado nos apoie, no sentido de que as empresas saibam que temos profissionais qualificados em Belém, elas não precisam buscar essa mão de obra fora. E nós, estamos à disposição para contribuir com o programa", disse a professora.
Adenauer Góes, titular da SETUR defende turismo sustentável |
O secretário estadual de Turismo, Adenauer Góes, mostrou a estrutura de governança do Pará 2030, que envolve diversos atores, desde o poder público, passando pela iniciativa privada e sociedade civil. “O Pará 2030 foi lançado semana passada. A ideia é percorrer todo o estado para conversar com os representantes das cadeias produtivas locais a fim de alavancar o que está sendo proposto", afirmou.
Para o diretor social da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Pará, Merison Resende, o planejamento estratégico do governo estadual, que define os rumos da economia paraense para os próximos 15 anos, tende a avançar na medida em que os diversos grupos envolvidos dialogarem e colocarem em prática o que discutem. “Na minha avaliação o evento foi bastante positivo. Nós temos de valorizar os produtores daqui e partir para soluções práticas", afirmou.
O secretário técnico adjunto da Sedeme, Eduardo Leão, apresentou a estrutura do Polo de Gastronomia que será criado pelo governo, reiterando que o projeto partiu de discussão antiga já conduzida há um tempo. "Existe um grupo de trabalho que debate o arranjo produtivo da gastronomia paraense, dentro da Sedeme, desde o ano passado. Além do governo, participam do Arranjo Produtivo Local de gastronomia diversas outras entidades e pessoas ligadas ao setor, entre as quais institutos, agências, restaurantes, marcas, cooperativas e produtores, como os de cacau e açaí", informou.
Eduardo Leão esclareceu que o Polo de Gastronomia será gerido por uma Organização Social a ser selecionada via processo de convocação pública concorrencial. "As organizações vão apresentar as suas propostas e será escolhida a que apresentar melhor projeto de gestão para o polo, adequado ao que se pensa para o centro. A iniciativa fortalecerá a cadeia em sua totalidade, desde os pequenos produtores até a ponta", garantiu.
Assista aqui ao vídeo de apresentação do Pará 2030: https://www.youtube.com/watch?v=Cf1eOzRSiFQ
Texto: Valéria Nascimento – Agência Pará