Com essa iniciativa a gestão municipal deseja enfrentar o problema com a participação dos moradores da cidade e de entidades ligadas ao segmento infanto-juvenil. A campanha será mostrada em vários pontos da região, como paradas de ônibus, comércios e órgãos públicos.
PARADAS DE ÔNIBUS - A espera nas paradas de ônibus agora, além de mais confortáveis tendo em vista a instalação de novas paradas, também passam a contar com uma estratégia de alertar a população tucuruiense para denunciar e prevenir o trabalho infantil.
O secretário municipal de Obras, Serviços Urbanos e Habitação, Diego Bustamante, responsável pela instalação das paradas de ônibus no município de Tucuruí, esclarece que ainda este mês 25 paradas novas vão ser instaladas mas que passam de 60 equipamentos que visam garantir mais segurança e conforto à população que depende desses espaços para aguardar mototáxis, ônibus e outros meios de transportes.Vanessa da Silva Brandão, estudante, 19 anos, estava na manhã desta terça-feira, dia 21, aguardando ônibus e elogiou a iniciativa.
"É muito bom esta parada que nos protege do sol e a divulgação também, pois lugar de criança é na escola e não no trabalho". Acrescentou a estudante.
A mobilização é o começo de uma série de ações coordenadas pela assistência social municipal e foi definida, após a apresentação da pesquisa. Ela também alerta que enfrentar a violação de direitos, seja de crianças, adolescentes, idosos e de gênero, raça e cor, não é tarefa isolada, mas que tem transversalidade com outras áreas como a educação, saúde, esporte e juventude e ainda com a iniciativa privada e sociedade civil organizada.DIAGNÓSTICO - Realizado pela empresa Painel Pesquisas e Consultoria, de Joinville-SC, o estudo foi mostrado ao secretariado durante o II Seminário referente à temática, na semana passada. O prefeito Artur Brito esteve presente ao evento, que reuniu ainda todo o secretariado municipal, em especial, a Secretaria de Assistência Social e os órgãos de defesa das crianças e adolescentes.
O diagnóstico levantou o universo de 3.047 crianças e adolescentes da faixa etária de sete a dezessete anos, por um período de dois meses. O resultado apontou que 493 crianças e adolescentes vivem em situação de vulnerabilidade social, em Tucuruí. Esta condição financeira precária, segundo a pesquisa, empurra as crianças e os adolescentes para o trabalho doméstico nas zonas rural e urbana, no comércio informal, além da mendicância pelas vias públicas. Um quadro, ainda segundo a pesquisa, que compromete duramente a educação e os prazeres da infância.
Havia dezoito anos que a Prefeitura de Tucuruí buscava saber o quantitativo do trabalho infantil no município. A Consultoria foi financiada com recursos próprios do município e deu ao gesto Artur Brito condições técnicas e reais para enfrentar a situação. Segundo a secretária da Assistência Social, Nazidely Pantoja, o diagnóstico é o primeiro passo de um trabalho que o município aplicará com precisão, visando combater o trabalho infantil, a partir de 2020. “A mudança será grande para as nossas crianças”, destacou a secretária.
Idiomas – A pesquisa também revelou o desejo das crianças e adolescentes de Tucuruí. De um total de 2.349 entrevistados, 63,5 % citaram o esporte como atividades para ocupar as horas vagas da escola; outros 63,2% escolheram cursos profissionalizantes e 11,5% gostariam de estudar um segundo idioma e atividades culturais.
O município de Tucurui é o primeiro da região Norte a preparar um diagnóstico completo sobre a realidade das crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil. De acordo com a diretora executiva da empresa Painel Pesquisas e Consultoria, Ermelinda Januário, o diagnóstico é um retrato bem amplo da realidade de Tucuruí, destacando o perfil do município e do público atendido na rede da assistência social e de outras secretarias, nas diversas regiões existentes no município. “Esse estudo será o nosso grande legado para a população tucuruiense”, disse a executiva.
A partir do diagnóstico, Tucuruí vai intensificar as ações de combate ao problema. A campanha nas ruas é o primeiro ato, mas haverá, por meio do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI-AEPETI), que é responsável por formular as políticas públicas de maior eficácia contra o problema. Para a coordenadora do Programa, Ana Silvia Lopes, o combate é um processo que envolve as crianças e suas famílias. “Iremos ao foco da questão, passando pela situação escolar, saúde e o contexto familiar dessas crianças já identificadas, a partir do próximo ano”, disse a secretária.
Texto: Selma Amaral e Benigna Soares
Prefeitura Municipal de Tucuruí
E-Mail: decom.tucurui@gmail.com
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